Muitas pessoas investigam as afinidades afetivas através da Astrologia. E nem sempre os textos ajudam, pois são sempre análises gerais, que podem ser modificadas em cada estudo individual. Existem postagens sobre “sinastrias” nesse blog, bastando escrever “sinastria” no espaço “BUSCA”.
Em realidade, todo signo pode combinar com todo signo. Melhor dizendo, todas as pessoas podem se gostar. Se fizermos uma estatística, encontraremos casais que combinaram vários signos e tiveram experiências felizes ou difíceis por motivos diferentes.
Quando dizemos que Leão atrai Aquário e se completam ou que a relação entre Libra e Touro é harmoniosa, estamos analisando os signos de Leão, Aquário, Libra e Touro. As pessoas têm outras posições planetárias, outras influências, outras tendências, fora a questão da idade e do processo de amadurecimento que todos atravessamos, o que traz mudanças nas necessidades afetivas e no tipo de parceiro “ideal” para nós.
Não é raro verificar que casais muito jovens jogam para o alto relações com um potencial excelente de realização e que casais mais maduros sabem aproveitar o melhor do relacionamento, sem deixar que os pontos fracos se sobreponham.
Mas a postagem tem um outro objetivo. Nem sempre o “problema” é astrológico. Muitas vezes o que se percebe é que o que uma determinada pessoa diz procurar na vida amorosa, está distante do que ela realmente quer. Como se a imposição de “ter que casar” fosse deixando as pessoas cegas em relação a elas mesmas. Esse mal atinge mais as mulheres, cobradas por terem sucesso, dinheiro, autonomia, liberdade, inteligência, poder e ainda…marido e filhos, cachorro, papagaio e Cia. É possível alguém consiga essa combinação, com o apoio de um séquito de funcionários para ajudar no roteiro, mas muitas outras jovens completamente livres e sem a menor vocação para o casamento se exigem relações tradicionais.
Parecem fixadas num modelo conservador e torcem o nariz para relações mais livres que poderiam ser absolutamente felizes, ricas, estimulantes. Quando digo “livre”, não significa que eles façam um acordo para terem outras pessoas na cama, mas “livre” no sentido do reconhecimento das diferenças e a não obrigação de cumprirem rotinas um para com o outro. Então, ele não precisa estar no almoço de domingo na casa da avó dela. Ela não precisa ir no campeonato de Judô dele. Além disso, não precisam “nomear” o relacionamento, não precisam “fazer tudo junto” se não estão com vontade de “fazer tudo junto”. Não precisam deixar de viajar nos finais de semana porque estão com a corda no pescoço comprando um imóvel de três quartos, já prevendo a chegada dos babys. Não fazem planos, vivem a relação e isso é o bastante porque é muito bom.
Ainda é muito difícil uma mulher reconhecer que ela não tem vocação para o casamento. Parece que uma culpa ancestral virá sacudi-la todas as noites. Como a vida anda cara e muitas vezes ele já traz filhos de casamentos anteriores, algumas já começam a reconhecer que não querem filhos e que podem ter realizações sem a experiência da maternidade.
Existem pessoas que “casam”. Existe uma tendência, impulso, energia que faz com que nunca fiquem sozinhas. E não se trata de “ficar com qualquer um”, mas de ter relações consistentes, longas, significativas. Pode ser um único casamento, dois ou mais, mas é uma experiência que dá a elas um sentido maior de vida. Mas nem todo mundo é assim.
É possível que alguém que gosta de casar, passe a pensar de uma outra maneira depois dos 50 anos, e vice-versa. O que é realmente importante é não criar uma necessidade que “não existe”.
Há pouco tempo consultei uma pessoa que tem um relacionamento muito esporádico, mas absolutamente satisfatório. São duas pessoas muito ocupadas com filhos, família, trabalho e tudo mais que a vida nos faz carregar. O relacionamento já dura seis anos e os encontros não acontecem mais do que uma vez por mês. Ambos são divorciados e poderiam vir a pensar em morar junto. Morar junto significaria juntar debaixo do mesmo teto 6 adolescentes…pois cada um tem três filhos, pois ele fez questão de ficar com os filhos depois do divórcio. Além disso, ele mora em outra cidade próxima e viaja com frequência para outros estados do Brasil.
A relação é intensa, feliz, dentro da realidade de cada uma dessas pessoas. É o que conseguem ter. Quando estão juntos, aproveitam ao máximo. Saem, jantam, fazem algum programa cultural. Tentam viajar por dois ou três dias mas conseguem muito raramente.
Por conta de problemas de saúde de familiares já ficaram mais de três meses sem conseguir se encontrar. E o relacionamento continuou sem nenhum tipo de cobrança e menos ainda de sobressalto.
Ela é criticada pelas amigas que acham que ela precisaria de uma pessoa mais presente na vida dela. Que ela deveria “ter” alguém ao seu lado com mais frequência. Minha cliente viaja em muitos finais de semana para dar aulas fora de São Paulo e se desdobra trabalhando e cuidando de toda a estrutura familiar. Não há o menor espaço para outra pessoa e do modo como está, está muito bom para ela.
As amigas acham que ela “se contenta com pouco”. E ela segue feliz. Pode ser que num determinado momento no futuro eles estreitem o relacionamento. Ou não. Eles não estão preocupados com isto agora. Têm outras coisas mais importantes para pensar e resolver. Estão fazendo a vida, construindo os caminhos, apoiando as famílias, trabalhando muito, se amando e seguindo em frente. Aceitando as limitações e fazendo o melhor que podem de suas vidas. É a fórmula deles e por enquanto está dando super certo.