Astrodestino – Touro – Teilhard de Chardin

Posted on 11 de maio de 2011 by Andreia Modesto


A palavra “orientação” seria mais adequada do que “previsão”, na medida em que a Astrologia oferece possibilidades e ajuda a compreender as melhores direções. Mas é preciso que exista uma postura realmente adequada à situação e momento que o cliente vive.

Muitas vezes oportunidades podem ser perdidas se não existir suficiente agilidade para topar os desafios. Outras vezes, se tentarmos precipitar uma decisão, acabamos por criar problemas pois a chave daquele momento seria a paciência.

Teilhard de Chardin era nascido em Touro. Seu amor à natureza compõe a essência de sua obra, revolucionária até hoje. Na onda dos remakes, escolhi um texto que já foi publicado antes mas que ajuda a fazer a diferença entre as posturas que podemos ter diante da vida.

O blog vai mudar de plataforma e estou mais envolvida com questões técnicas, o que vai diminuir o número de postagens durante um tempo. Mas vai valer a pena.

A FELICIDADE

“A fim de melhor compreender como se coloca, para nós, o problema da felicidade, e porque, diante dele, somos levados a hesitar, é indispensável, para começar, fazer uma síntese, isto é, distinguir três atitudes iniciais, fundamentais adotadas, de fato, pelos homens em face da Vida. Guiemo-nos, se o preferirdes, por uma comparação.

Suponhamos alguns excursionistas que hajam partido para a escalada de um cume difícil; e consideremos seu grupo algumas horas depois da partida. Nesse momento, podemos imaginar que a equipe se divida em três espécies de elementos. Uns lamentam haver deixado o abrigo. O cansaço, os perigos lhes parecem em desproporção com o interesse do sucesso. Decidem voltar atrás.

Os outros não estão aborrecidos por haverem partido. O sol brilha, a vista é bela. Mas por que subir mais alto? Não seria melhor apreciar a montanha dali onde se encontram, em plena planície, ou em pleno bosque? E eles se estendem sobre a relva, ou exploram os arredores, esperando a hora do piquenique.

Outros enfim, os verdadeiros alpinistas, não afastam seus olhos dos cumes que juraram atingir. E tornam a partir para frente.

Os cansados; os “bon vivants”; os ardentes. Três tipos de Homens que trazemos em germe, cada um no fundo de nós mesmos, e entre os quais, de fato, a Humanidade, ao nosso redor, se divide, desde sempre.

1 – Os cansados (ou os pessimistas), primeiramente.

Para esta primeira categoria de homens, a existência é um erro ou um engano. Nós nos engajamos mal, e, em decorrência, procuramos, o mais habilmente possível, sair do jogo.

Levada ao extremo e sistematizada em doutrina erudita, essa atitude conduz à sabedoria hindu, para quem o Universo é uma ilusão e uma cadeia, ou a um pessimismo “shopenhauriano”.

Mas sob uma forma atenuada e comum, a mesma disposição aparece e se trai em uma quantidade de julgamentos práticos que conheceis muito bem. “Por que pesquisar?”… Por que não deixar os selvagens na sua selvageria e os ignorantes na sua ignorância? Por que a Ciência e por que a Máquina? Não estamos melhor deitados que em pé? Mais mortos que deitados? Tudo isso leva a concluir, ao menos implicitamente, que é preferível ser menos que ser mais, e que o melhor mesmo seria não ser, absolutamente.

2 – Os “bon vivants” (ou os hedonistas) em seguida.

Para os homens dessa segunda espécie, é preferível, certamente, ser a não ser. Mas “ser”, tomemos cuidado, toma, então um sentido muito particular. Ser, viver, para os discípulos dessa escola, não é agir, mas fartar-se do instante presente. Gozar cada momento e cada coisa, ciumentamente, sem nada deixar perder, e, sobretudo, sem se preocupar em mudar de plano: nisso consiste a sabedoria. Que venha a saciedade, nós nos volveremos sobre a relva, estiraremos as pernas, mudaremos de ponto de vista; e, ao fazer isso, além do mais, não nos privaremos de descer. Mas, para e sobre o futuro, não arriscaremos nada, a menos que, por um excesso de refinamento, nós nos intoxiquemos em usufruir o risco por ele mesmo, seja para experimentar o frêmito de ousar ou para sentir o arrepio de ter medo.

Assim nós nos representamos, de uma forma simplista, o antigo hedonismo pagão da escola de Epicuro. Tal era, em todo caso, não há muito tempo, nos círculos literários a tendência de um Paul Morand, ou a de um Montherlant, ou, muito mais sutil, a de um Gide (aquele de Nourritures Terrestres), para quem o ideal da vida é beber sem jamais estancar sua sede (mas antes de maneira a aumentá-la), nunca com a idéia de retomar forças, mas pelo cuidado de estar pronto a se curvar, sempre mais avidamente, sobre toda fonte nova.

3 – Os ardentes, finalmente.

Quero dizer, aqueles para quem viver é uma ascensão e uma descoberta. Não somente para os homens que formam essa terceira categoria é preferível ser a não ser, mas ainda é sempre possível, e unicamente interessante, tornar-se mais. Aos olhos desses conquistadores possuídos pela aventura, o ser é inesgotável, não à maneira gideana, como um cristal de facetas inumeráveis, que podemos voltar em todos os sentidos sem nos cansarmos, mas como uma fonte de calor e de luz, da qual nos podemos aproximar sempre mais. Podemos zombar desses homens, tratá-los como ingênuos, ou achá-los incômodos. Entretanto, são eles que nos fizeram e é deles que se apronta para surgir a Terra de amanhã.

Pessimismo e volta ao passado; gozo do momento presente; entusiasmo em direção ao futuro. Três atitudes fundamentais, como eu dizia, em face da Vida. E, em seguida, inevitavelmente, eis-nos diante do âmago de nosso assunto – três formas opostas de felicidade.

· Felicidade de tranqüilidade, primeiramente. Nada de aborrecimentos, nada de riscos, nada de esforços. Diminuamos os contatos, restrinjamos nossas necessidades, baixemos nossas luzes, endureçamos nossa epiderme, reentremos em nossa concha. O homem feliz será aquele que pensar, sentir e desejar o mínimo.

· Felicidade de prazer, em seguida, prazer imóvel, ou melhor ainda, prazer incessantemente renovado. O objetivo da vida não é agir e criar, mas aproveitar. Logo, menos esforço ainda, ou apenas o esforço necessário para mudar de copo de bebida. Distender-se o mais possível, como a folha aos raios do sol, variar a cada instante de posição para sentir melhor: eis a receita da felicidade. O homem feliz será aquele que souber saborear, o mais completamente possível, o instante que tem entre as mãos.

· Felicidade de crescimento enfim. Desse terceiro ponto de vista, a felicidade não existe nem vale por si mesma, como um objeto que pudéssemos perseguir e captar em si mesmo, mas é apenas o sinal, o efeito, e como que a recompensa da ação convenientemente dirigida. “Um subproduto do esforço”, diz, em algum lugar, A. Huxley. Não é bastante, pois, como sugere o hedonismo moderno, nós nos renovarmos não importa como, para sermos. O homem feliz é, pois aquele que sem buscar diretamente a felicidade, encontra inevitavelmente a alegria, por acréscimo no ato de chegar à plenitude e ao fim de si mesmo, avançando.

Felicidade de tranqüilidade; felicidade de prazer; felicidade de desenvolvimento. Entre essas três linhas de marcha, a Vida, ao nível do Homem, hesita e divide a sua corrente, sob nossos olhos. Para motivar nossa escolha, haveria apenas verdadeiramente, como se repete por aí, uma preferência individual de gosto ou de temperamento? Ou podemos encontrar, em alguma parte, uma razão, indiscutível porque objetiva, para decidir que um dos três caminhos é absolutamente o melhor e, por conseqüência, o único que pode autenticamente tornar-nos felizes?

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