
Todos sabem que os relógios de pêndulo nas lojas de antiguidades tendem a bater as horas no mesmo ritmo, isto é, tendem a entrar em ressonância…Nas sessões de psicoterapia, já se comprovou que terapeuta e paciente têm tendência a sincronizar o ritmo da respiração e dos batimentos cardíacos.
Qualquer um pode testar esse fenômeno numa noite de sono ao lado do parceiro. Se a pessoa acordar de noite e aproximar-se do parceiro – de preferência na posição de feto – imitando exatamente o seu ritmo de respiração, em pouco tempo terá condições de modificar o ritmo do parceiro. Mas aqui estamos no terreno da manipulação. Se por exemplo a pessoa respirar num ritmo mais rápido, o parceiro terá sonhos diferentes que têm a ver com este ritmo…
De modo geral, o ser humano precisa de ressonância. Pessoas apaixonadas procuram instintivamente entrar em sintonia nos mais diferentes setores da vida. A ressonância parece ser uma tendência geral da natureza.
Provavelmente é o outro lado daquela realidade que Darwin descreveu, de acordo com o arquétipo masculino do deus Marte, como “luta pela sobrevivência”. O amor (que é um fenômeno de ressonância) pode ser o complemento necessário.
Da mesma maneira, o amor pode ser a contrapartida da tese de Heráclito…segundo o qual, “a guerra é o pai de todas as coisas.” Onde existe um pai, deve haver uma mãe. Já que a guerra é subordinada ao arquétipo Marte, seu pólo oposto seria a figura de Vênus – isto é, o amor.
A ressonância não é só um fenômeno que une duas coisas ou duas pessoas, mas algo que está sempre acontecendo dentro de nós. Os músculos do braço, por exemplo, têm de agir em ressonância para realizar movimentos. Para caminhar, precisamos de ressonância. Todas as formas de movimento pressupõem coordenação e, portanto, ressonância entre vários grupos de músculos e órgãos.
A ressonância acontece quando dois seres vibram em harmonia ou quando uma vibração condiciona a outra. De modo geral, qualquer tipo de vibração parece causar ressonância…qualquer vivência musical também tem a ver com ressonância. As melodias e ritmos que “entram no sangue” têm a tendência a “contagiar” um grupo de pessoas, levando facilmente ao fenômeno da ressonância. Quando duas pessoas dançam juntas, a sincronia dos movimentos corporais gera o tipo de ressonância que também existe no amor.
O grande segredo da convivência harmoniosa (e sobretudo do amor) é a ressonância. Uma pessoa se aproxima da outra e as duas passam a vibrar juntas. No final, elas andam juntas, comem juntas e acabam dormindo juntas. Quanto maior é a distância inicial entre as duas, que tem de ser superada para possibilitar o encontro, maior é a ressonância. O amor fica ainda mais apaixonado.
A ressonância é possível não só com pessoas ou animais, mas também com objetos. Um músico, por exemplo, tem de entrar em ressonância com seu instrumento e partitura. Qualquer músico sabe que a ressonância acontece mais facilmente em determinadas peças do seu repertório, ou num determinado palco, ou com um determinado público.
No que diz respeito aos casais, às vezes dormir em quartos separados é a melhor situação de sono para muitas pessoas, pois assim uma não incomoda a outra. Mas isso também tira muito da ressonância. Sobretudo hoje em dia, quando os parceiros costumam ter pouco tempo para a convivência diária, o casal perde assim uma dimensão importante da integração e da sintonia.” –
Fonte: O sono como caminho – Rudiger Dahlke – Cultrix
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