Câncer é um signo muito mais rico do que muitas pessoas imaginam. Afinal, Diana Spencer e Nelson Mandela nunca se enquadram no estereótipo de “caseiros e acomodados”. Tornaram-se símbolos para todo o planeta, cada um por seus valores, coragem e trajetória. Foram revolucionários expressando outras posições do mapa astral. Diana tinha a Lua em Aquário e Mandela em Escorpião.
Outros cancerianos surpreendem mostrando uma ousadia que não é abordada nos manuais de Astrologia. É uma surpresa descobrir que Mike Tyson nasceu no feminino e sensível signo de Câncer. E só é possível compreender o sucesso no boxe, depois de descobrir que embora ele tenha Vênus e Marte no inteligente signo de Gêmeos, Marte recebe aspectos de Urano, Netuno e Plutão, que não o conduziram a uma expressão no mundo intelectual. Lionel Messi, canceriano, também não se destaca pela delicadeza do signo.
Modigliani e Klimt se destacaram por serem pintores de “mulheres”, retratando o mundo feminino. Saint-Exupéry escreveu o elogio da infância e da inocência no Pequeno Príncipe. Mas as letras de Kafka e Maiakovski produziram uma literatura mais feroz e crítica, palavras que não existem no dicionário dos cancerianos. Mas Kafka e Maiakovski nasceram sob a regência do signo da Lua, assim como o apaixonado Pablo Neruda.
Embora algumas cancerianas apareçam nos livros e sites de Astrologia como mulheres extremamente femininas e dedicadas à família, onde amam reinar, não é exatamente essa energia que Frida Kahlo deixou para o mundo e nem Angela Merkel sugere mistério, magia e submissão.
Talvez seja Câncer o signo mais “múltiplo” do Zodíaco, já que regido pela Lua, pode “variar” pela lunação em que a pessoa nasceu. Então, um canceriano nascido na Lua Cheia, será muito mais expansivo e comunicativo do que aquele que nasceu no Minguante. E também vai “variar” de acordo com o signo lunar. E um canceriano com a Lua em Áries será arrojado e corajoso, diferentemente do canceriano com a Lua em Touro, que terá um ritmo mais lento e menores ambições. Sem computar as influências do Nodo Sul, ponto kármico ou Cauda do Dragão, que é sempre determinante em todos os mapas.
A prática mostra que qualidades e experiências, que deveriam pertencer a balaios diferentes, muitas vezes se misturam. Então, é possível encontrar cancerianos que não expressam as qualidades do signo, mas que têm experiências do signo, ou, se preferirem, da casa 4, casa associada a Câncer.
Por exemplo: podem trabalhar dentro de casa, podem ter nascido numa família “feminina”, como o filho temporão que tem duas irmãs mais velhas e que na verdade, terá três mães e ainda a tia, a irmã da mãe que vem morar com essa família. O pai é distante, ausente, separado ou morto e aquele menino se desenvolve dentro de um cenário canceriano, embora possa ter qualidades marcadas pelo signo da Lua ou pelo Nodo Sul ou qualquer outro posicionamento do mapa astral.
Nas listas que procurei de cancerianos famosos, talvez seja Robin Williams, morto em 2014, quem mais se aproxime das qualidades tradicionais do signo, afetivo, tendo feito papéis que fizeram rir e chorar, inesquecível ao retratar o pai desesperado que se faz passar pela boa babá para ficar perto dos filhos.
Enfim, não analise alguém apenas pelo signo solar, ascendente, ou lunar. Não tente explicar a complexidade de um ser humano a partir de um único posicionamento astrológico. A Astrologia funciona e muito. Mas não se pode ir do mapa para o sujeito. É preciso ir do sujeito para o mapa. O que ele expressa? O Ascendente em Sagitário? O Sol em Aquário? Ou a Lua em Touro? Ou consegue integrar tudo isso de modo harmonioso?
Algumas pessoas conseguem desenvolver aspectos que seriam fracos no mapa, justamente por terem consciência de que é preciso fortalecer esses pontos. E surpreendem. Não é raro que alguém, consciente do que lhe “falta”, seja pela Astrologia ou por qualquer outro recurso ou pura intuição, se esforce para superar suas carências e faltas. A vida sempre surpreende.
Para fechar a postagem, ilustrada por Chagall, artista canceriano, fiquei em dúvida sobre Neruda ou Maiakovski, ou qualquer outra passagem de Proust, com sua literatura MUITO canceriana, em busca do tempo perdido, o passado, a família, o isolamento, os amores turbulentos. Acabei pinçando Maiakovski, numa passagem apaixonada da sua letra:
Nos demais, todo mundo sabe o coração tem moradia certa, fica bem aqui no meio do peito… mas comigo a anatomia ficou louca, sou todo coração!