O mesmo leitor pergunta quais os planetas, casas ou aspectos determinantes numa sinastria e também num mapa de vocação ou redirecionamento profissional.
Existem alguns pontos fortes que precisam ser considerados, mas, cada um é uma caixinha de surpresas e cada casal também. É comum que os dois Ascendentes estejam próximos, conjuntos no mesmo signo ou com uma diferença de no máximo 10 graus. Aspectos envolvendo Vênus, Marte e Lua são sempre fundamentais para o bem estar e a harmonia. Mas, Saturno pode indicar compromisso, Plutão pode indicar atração física e relação transformadora, Urano pode tornar a relação estimulante, Júpiter indicaria sintonia intelectual e Netuno, um encontro de almas.
Em algum lugar do blog, fiz uma postagem comentando sobre a importância de Mercúrio nas sinastrias. Pois, é muito importante que as pessoas FALEM do que sentem e do que desejam fazer de suas vidas.
Se uma mulher tem necessidade de admirar o parceiro afetivo, o Sol desse parceiro deve cair na casa 9, 10 ou 11 do mapa dela, para que ele brilhe bem alto. E não na casa 7 ou na casa 4 e 5, onde não existiria esse tipo de sentimento de admiração – não necessariamente.
Se o que se busca é uma relação que traga segurança acima de tudo, Saturno pode ser o principal planeta para ambos, ao invés de Marte e Vênus. Se o casal abdica de filhos e quer uma relação de aventuras, viagens, expansão e algum hobby a dois, Urano e Netuno serão mais importantes do que outros aspectos.
Existem outras postagens sobre sinastrias, trazendo o óbvio: Vênus do homem sobre o Ascendente da mulher, Marte do homem em oposição a Lua da mulher, Saturno dela abrindo a casa 7 dele, enfim…importante também considerar que O MOMENTO é sempre a questão principal, o instrumento do astrólogo. O que diz o momento em que aquelas duas pessoas se encontram? E o que diz aquele momento de crise depois de 20 anos de relação feliz e estável? Ou, o contrário, depois de muitas crises, enfim, sob a influência de planetas mais tranquilos, a relação se estabiliza.
Também é importante ver em cada estudo, como são os aspectos dentro do próprio mapa. Ela tem Urano conjunto Vênus e ele tem Urano quadratura Vênus. Ela tem Vênus conjunção Saturno e ele tem Marte em Capricórnio recebendo trígono de Saturno em Touro…
Todos os aspectos precisam ser avaliados e todos eles são importantes, embora alguns como Ascendente conjunto ao Ascendente mostrem que possuem uma força maior. O que não garante que o relacionamento não possa viver fases de transformação ou crises, apontados por trânsitos ou progressões, ou que, outros aspectos envolvendo Mercúrio, Juno, Lua, Vênus e Marte, não possam trazer conflitos em diversas esferas.
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Sobre a vocação e as crises profissionais, é preciso ter o mesmo “jogo de cintura”, para interpretar corretamente. Também existem outras postagens no blog sobre essa questão. Tradicionalmente, os planetas, aspectos e casas profissionais são:
Casa 2, casa 6, casa 10 e Meio-do-Céu
Sol, Saturno, Mercúrio e seus aspectos
O que se vê, entretanto é que atores irão definir carreira na casa 5 e médicos cirurgiões na casa 8 e 12. Pedagogos optarão pelas influências da Lua, profissionais da estética usarão Vênus, atletas poderão se definir por Marte. Um professor universitário mergulha na casa 9 e muitos psicólogos bem sucedidos usaram as influências da casa 4, casa 7 e casa 8. Esportistas, medalhas de ouro, costumam ser regidos por Áries ou terem Marte e Plutão bem proeminentes no mapa, já que entram em quadra para ganhar.
É bastante comum que a definição venha pelos Nodos. Nodo Norte em Gêmeos leva para a área comercial, vendas ou para o jornalismo e a publicidade. Nodo Norte na casa 5 marca o mapa de muitos artistas plásticos.
Se acharmos que existe um determinismo pelo signo solar, não vamos entender que Elvis Presley e Rita Lee, ambos capricornianos, tenham optado pelo rock. Será que seriam mais felizes como administradores? E Shakespeare teria que ser banqueiro por ter nascido em Touro? Ou pode-se pensar que ele nasceu “antes do tempo”, já que grandes escritores são regidos por Gêmeos???
Existe uma importância enorme das três “casas de futuro”, casa 9, 10 e 11, porque se você traça determinadas metas de futuro, isto também determina que tipo de atividade profissional você vai buscar. Se tem a Lua em Touro na casa 11, você não vai suportar atuar sem ter em vista uma boa segurança financeira, pois a casa 11 não é somente a casa dos grupos e amigos ou a casa dos anseios humanitários. Tenho clientes com Lua e Vênus em Touro na casa 11 que são extremamente reservados, têm poucos vínculos além de família, mas se mobilizaram toda a vida por uma situação financeira muito boa e tranquila.
As crises profissionais, se são mostradas pelas casas 9, 10 e 11, podem revelar uma profunda insatisfação que levará a um redirecionamento de carreira mais radical. Ou não…tudo depende da estrutura do mapa, pois também pode se referir a uma mudança de “cima para baixo”, quando a empresa foi vendida, passando para as mãos de uma cultura completamente diferente, mas a pessoa continua atuando na empresa, embora seja como se tivesse passado para uma nova estrutura. É o caso de empresas americanas que foram vendidas para grupos japoneses ou empresas japonesas que foram assumidas por um grupo holandês (!).
É preciso bastante cuidado quando a crise aparece pela casa 6, pois é uma casa do cotidiano e não se pode abrir mão de uma carreira apenas por causa de um par que não coopera ou é invejoso. A casa 6 é uma casa “pequena”, mas não uso no sentido pejorativo, mas sua dimensão, assim como a casa 3, casas que têm uma limitação no que se refere a metas de futuro. São casas do “aqui e agora” e é preciso cuidado para não se confundir. Um bom exemplo, que pode parecer um exagero para os mais racionais, é o da pessoa que repensa a carreira em função de um par difícil, que não coopera. Ela pode estar emocionalmente tão desmotivada, que estende essa compreensão para um número maior de pessoas da sua área profissional. Quando os problemas estão na casa 2 (remuneração) e casa 3 e casa 6 (o “entorno” profissional), é preciso cautela pois pode ser possível melhorar financeiramente e também procurar um bom ambiente de trabalho, ao invés de jogar para o alto toda uma jornada de trabalho: carreira.
As crises profissionais em sua maioria são positivas. É bom que alguém se canse do que faz, procurando ser mais criativo ou obter uma satisfação maior. É muito positivo que se queira “ir mais longe”. Mas, primeiro é preciso observar a própria estrutura do mapa. Será que a proposta do mapa astral permite uma virada radical ou não? É esse o primeiro ponto. Depois, vamos ver quais planetas, aspectos, casas envolvidas, pois não vale a pena jogar tudo para o alto por causa de um chefe que nos reprime. O sujeito pode ser demitido, transferido ou podemos aprender a lidar com ele. Se não houver mesmo saída, pode-se pensar em mudar de empregador, mas não de carreira.
Mas, existem casos em que o esgotamento é enorme e existe um outro projeto bem concreto, um plano B já costurado ou possível de começar a ser alinhavado. É verdade que existem muitas fantasias sobre “o trabalho do outro”. O jardim do vizinho sempre nos parece mais verde, pois não sabemos o quanto ele suou para plantar cada graminha daquele chão.
Olhar para o lado não costuma dar muito certo na escolha da carreira. O que serve para o João pode ser uma atividade que não tem nada a ver com o José. O melhor é observar a si mesmo, fazer reflexões e considerações, até ir a palestras e se inteirar de todas as possibilidades, mas sem nenhuma fantasia. Executivos que acham que se darão muito bem administrando uma loja ou qualquer tipo de “comércio porta aberta”, não têm a menor ideia de onde estão se metendo e a grande maioria (existem exceções), vai desistir em pouco tempo.
Enfim, é preciso ver a estrutura do mapa, sua proposta profissional, os planetas envolvidos naquele momento, tudo o que se está descobrindo. Algumas pessoas têm um pouco de sorte. Haviam planejado a carreira num determinado sentido e fazendo um estágio em uma área bem diferente, descobrem uma paixão “por acaso”.
O exercício de ficar listando os dons e talentos que se possui, nem sempre é a melhor forma para definir ou redefinir a vida profissional. Porque, todos nós temos muitos talentos diferentes. Tenho uma cliente que canta nos finais de semana num bar do bairro em que mora, com um cachê bem reduzido, pois é amiga dos donos. É dentista e bem realizada na carreira, além de ser sócia da irmã numa confecção de roupas. Faz a parte administrativa e a irmã apenas cria, tendo uma terceira pessoa para realizar as vendas. Seu carro-chefe é a Odonto, de onde vem o seu sustento financeiro e onde investe de verdade, com cursos, congressos, doutorados. As duas outras funções correm em paralelo, uma por puro prazer e a outra para dar uma força à irmã, criadora, mas desorganizada com dinheiro. Essa cliente soube administrar diferentes talentos. Não investe dinheiro em cursos de canto ou administração financeira. São dons naturais que ela tem, mas não deseja e nem precisa aprimorar. E nem faria sentido, pois não pretende sobreviver nem de um e nem de outro.
Quando se trata da vida profissional, mesmo quando a opção parece muito glamourosa como a dança clássica ou o canto lírico, é preciso foco, determinação e um bocado de sacrifício. Cantores sofrem com a voz, têm hemorragias nas cordas vocais e precisam estar sempre protegidos contra gripes e alergias. Bailarinos calçam as sapatilhas com os pés cheios de esparadrapos e gazes que escondem os machucados no final da turnê na Europa. Um dos sacrifícios é evitar a dispersão e aceitar que o sucesso é maior quando se caminha por uma única trilha. Algumas pessoas podem ter carreiras duplas, que correm em paralelo bem sucedidas, premiadas e compensadoras, mas são extremamente raras.
Com o grande número de “novas carreiras” que surgiram nos últimos tempos, a migração para um segmento completamente diferente tem sido comum e mais fácil. Vi engenheiros de construção civil migrar para a área de computação; arquitetos se tornarem artistas plásticos e artistas plástico montarem empresas de web-design. Também vi alguns raros executivos se tornarem donos de restaurantes com sucesso e tão apaixonados que nem lembram do tempo em que tinham salário fixo. “Cada um é cada um”, como se diz brincando.