Na sucessão de desastres brasileiros, eu não aprendi que a vida é curta e devo viver intensamente o momento presente e esquecer o futuro. Aprendi o contrário: que a vida precisa ser valorizada e que o Brasil precisa olhar para o passado, “cuidar” do presente e construir o futuro.
As gambiarras que facilitam o momento presente matam a juventude do clube do Rio. Brumadinho desapareceu porque ninguém tomou providência a partir dos relatórios sobre os riscos da barragem se romper. As chuvas castigam o Rio e a serra carioca desde que me conheço por gente, melhor dizendo, desde 1955.
Em 1966 e 1988 o Rio de Janeiro desabou. A lama e o lixo que descem dos morros entopem os bueiros e a água não escoa tão rápido como em outras cidades. A construção irregular faz os barracos virem abaixo facilmente. É só olhar para trás. E parece que até o helicóptero em que Boechat viajava não tinha autorização para o voo.
Eu acredito em fatalidades e não acho que tenho o controle sobre tudo. Eu não posso tudo. Existem tragédias que são muito maiores do que a vontade pequena do ser humano. Mas não foi isso que aconteceu por aqui.
Assim como os meninos que dormiam no alojamento do clube não estavam ali conscientes do risco que corriam. Eles não estavam no lugar errado na hora errada. Quem é o responsável pelo local é que fez tudo errado. Alguém tem que zelar, cuidar e prevenir. O que é regra em outros países, aqui não vale nada.
Como lembra Mário Cortella, tragédia é a mão dos deuses sobre nós, nos impondo experiências sobre as quais não temos nenhuma potência para agir.
O Brasil viveu desastres possíveis de serem previstos e evitados. Mas para isso, é preciso pensar a longo prazo e olhar para trás para aprender com o passado. A gambiarra dá um jeitinho a curto prazo. E mata pessoas e todas as perspectivas de vida futura.
A culpa não é de Urano ou Marte. 2019 não está sob a influência de demônios, a menos que a carapuça nos sirva e possamos reconhecer o mal que nos fazemos.
Falta Saturno, que representa maturidade, responsabilidade, cumprimento dos deveres, lucidez, noção da realidade, vontade de fazer a “coisa certa”, etc.
Como planeta que rege o terceiro signo do elemento terra, que dá o nome ao nosso planeta, o símbolo do amor à experiência da vida, deixando de lado a preguiça, a leviandade ou os interesses pessoais.
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