“Seja como a árvore que deixa que as folhas mortas se desprendam e caiam ao chão.” Rumi
“- Enfermeira, acho que o paciente Tom vai ter alta. Apresentou melhoras no quadro, está tomando os remédios e em breve sairá da UTI.
– Lamento Doutor, ele vai morrer em breve.
– Como a senhora sabe?
– Ele está vendo sua mãe falecida com frequência.
– Enfermeira, eu não recordo de ter aprendido isso em alguma aula na universidade.
– O senhor perdeu muitas aulas sobre a morte, Doutor.”
TedTalks Dr. Christopher Kerr
Saturno entrará em movimento retrógrado no dia 30 de abril. Estará em conjunção com Plutão retrógrado em Capricórnio. Os dois planetas associados à morte (além de Urano e Netuno) podem nos fazer revisitar o passado, conversar com nossos fantasmas, recordar o melhor e o pior da jornada até agora.
Pode ser uma fase excelente para procurar pessoas do passado e esclarecer ou perdoar situações que ficaram pendentes. Nunca é um processo fácil. Tenho já recebido algumas pessoas obcecadas pelo tema da morte e, obviamente, todas elas transbordando de vitalidade.
Quando o Sol entrou no signo de Touro, me preocupei em falar bastante de Urano e nem citei o fato de que no momento exato do ingresso do Sol em Touro, a Lua estava em Escorpião, signo oposto.
Touro constrói, insiste, teima, guarda, preserva, recupera. Escorpião elimina, transforma, desfaz, troca, doa, esquece.
Enquanto Touro pode ser associado ao jardineiro, à forma bonita das esculturas, o modelito fashion na vitrine do shopping e a farta refeição sobre a mesa, Escorpião, entre muitas outras facetas, nos apresenta a morte, a confrontação com a finitude e todos os mistérios que continuarão pertencendo ao mundo do desconhecido.
Dr. Christopher Kerr faz um palestra no TED/TALKS e começa com uma piada sobre o que os americanos mais temem na vida: falar em público e morrer. A morte é o tema de sua palestra com observações sensíveis e inteligentes de quem se considera “escolhido e perseguido por ela” desde que aos 12 anos de idade se despediu do pai no leito de morte dele.
Ateu e pragmático até 1999, ele deu uma virada na carreira quando descobriu que qualquer cuidador e enfermeiro de um hospital seria capaz de saber mais sobre o processo de morte dos pacientes do que os médicos.
Ele considerava a possibilidade de dar alta a um paciente que apresentava melhoras até que a enfermeira lhe disse que isso não ia acontecer, já que o tal paciente estava vendo a mãe falecida com muita frequência. E em 15 dias o paciente faleceu.
Ele começou uma longa pesquisa, tanto em termos de tempo, como com um grande número de pacientes terminais, que começavam a ter sonhos sempre com os mesmos temas. Pessoas queridas já mortas vinham avisar que viriam levar o paciente e cuidar dele.
A morte se tornava então mais do que um final de ciclo, a chance de um reencontro feliz e reconfortante. Dr. Kerr não pesquisou pacientes com experiências de “quase morte” saindo do corpo, onde eles veem luzes, túneis e parecem flutuar no ar.
Ele pesquisou pessoas presas ao leito, em situações de grande fragilidade, que começavam a receber sinais de que o fim estava perto através de mensageiros carinhosos e cuidadosos que apenas eles viam ou sonhavam.Os relatos são muitos e muito significativos, cheios de emoção e paz para eles.
Um dos relatos mais impressionantes é de um veterano da Segunda Guerra que teve que carregar os corpos de vários companheiros mortos em batalha. Durante anos negou-se a tecer qualquer comentário sobre o período da guerra. Mas recebeu a visita em sonhos dos rapazes que ajudou a carregar. Eles vieram avisá-lo que agora seriam eles que viriam carrega-lo e cuidar dele, e por isso ele não deveria se preocupar.
O tema da morte é sempre um tabu. É sempre difícil e doloroso. Atendo há 31 anos e sei que qualquer um treme diante dessa energia. Vi médiuns lamentarem e chorarem a perda de pessoas queridas. O que a razão entende, aceita e acredita não convence e não consola o coração que sofre.
A palestra do Dr. Christopher Kerr está no Youtube: “Dreams and Visions of Dying” TedTalks em Buffallo, cidade em que ele mora e trabalha. Tem legendas em inglês e é uma experiência transformadora e sensível para quem quiser assistir. Existem outros vídeos do cardiologista no YouTube sobre o mesmo tema.
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