Não tenho o hábito de jogar em loterias. Perco o papelzinho ou esqueço em algum lugar e só encontro anos depois. Meus clientes também não associam boa sorte com facilidade em jogos de azar e por isso, nunca me demorei sobre o assunto nas postagens. A expressão “dinheiro fácil” soa como sinônimo de corrupção e crime e não como benesses do destino.
O sigilo impede que se possa fazer um estudo comparativo dos ganhadores de grandes prêmios para encontrar repetição de alguns aspectos astrológicos entre eles, ou a análise do momento que aquelas pessoas estavam vivendo quando ganharam um “dinheirão” porque intuíram os números certos.
É mais comum, para mim, ouvir que a “boa sorte” esteja relacionada com oportunidades profissionais e negócios limpos que surgem depois de se ter feito algum investimento naquele sentido. Como se a boa sorte também exigisse “ser merecida”. É esse o perfil do meu cliente, é o modo como ele se organiza e pensa. Parecem supor que ganhar dinheiro em loterias é algo pequeno, ou simplesmente, fora da realidade deles. Não têm tempo para perder em longas filas quando a mega sena acumula e preferem cavar a boa sorte com inteligência e suor.
É comum ouvir alguém dizendo que está num período de muita sorte porque o destino respondeu rapidamente aos seus anseios, depois que montou estratégias, enviou e-mails, melhorou o currículo e bateu em alguma porta que abriu mais rápido do que imaginava.
Conheci pouquíssimas pessoas que faziam projetos de vida, sonhos a partir de algum “grande dinheiro” que um dia entraria em suas vidas. Lógico que elas estavam, sem exceção, numa posição passiva diante da vida e lidavam com o grande prêmio como uma bênção divina, a graça de Deus, uma surpresa da vida, independente do mérito pessoal. Ficavam de olhos fixos na parede, sonhando com essa possibilidade e vivendo os luxos de uma vida milionária futura e improvável. E na vida concreta, poucas estratégias, poucas ambições de aprimoramento e carreiras empacadas.
Na minha experiência concreta, duas histórias marcantes:
Acompanhei uma amiga nos anos 90 a um bingo. Ela era médium há muitos anos e mudamos de mesa por duas vezes, porque ela “sentia” onde a sorte aconteceria. Ficamos lá por umas três horas, entre batatinhas, cafés e a voz chata do sujeito cantando os números. Ela ganhou uma vez e os prêmios realmente saíam perto das mesas que ocupávamos. Ela, frequentadora assídua, me fez notar que muitas pessoas também mudavam de mesa com frequência.
Outro cliente, também no início da década de 90, ganhou pouco mais de um milhão de reais em alguma loteria. Na época era muito e muito dinheiro. Hoje você compra um apartamento de dois quartos nos Jardins, antigo e precisando de reformas. Mas era muito dinheiro nessa época. Quando ele me procurou, passado já um ano do prêmio, estava endividado, com o nome sujo e sem saber como dar conta de todos os problemas que criou para si.
Deslumbrado, emprestou dinheiro a amigos e parentes, fechou o escritório de Direito e foi se enveredar por caminhos profissionais que desconhecia. Caiu feito um pato, foi usado por pessoas sem escrúpulos e acabou voltando ao Direito, mas recomeçando do zero, com pouco retorno financeiro. Era um rapaz muito jovem e me fez entender que é preciso maturidade para poder passar por uma experiência como essa.
Recebi a encomenda de uma matéria sobre os signos “sortudos”. Vou fazer essa matéria falando dos signos que podem realmente ser considerados como signos “de boa sorte”. Mas, antes de fazer essa postagem, precisei arrumar na minha mente, o que considero ser a boa sorte.
Hoje por exemplo, um domingo com parte do céu bem azul, é um dia de sorte. Parece que amanhã vai voltar a chover e esfriar. Então, aproveite o seu domingo de sorte com o calor e a luz que nos fazem acreditar que temos e continuaremos tendo muita sorte na vida!