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Libra, paixão e desapaixonamento

Libra – Vida amorosa: Não há nada melhor do que viver uma grande paixão. Apaixonar-se é se abrir para o outro e se deixar transformar por um sentimento incontrolável do qual nenhuma palavra dá conta.
Alguns psicólogos consideram que a paixão é um processo de iniciação e total transformação interior. Outros comparam a um surto – que dá e passa! O que será que acontece quando nos sentimos fortemente atraídos por uma nova pessoa, que parece “nos possuir” vinte e quatro horas por dia, já que nem mesmo ao dormir ela nos deixa em paz? Intensa e perturbadora presença.
Quando nos apaixonamos, ficamos rindo à toa. Esquecemos de comer, somos capazes de levantar no meio da noite só para reler a mensagem da pessoa amada, ou ensaiar as primeiras palavras de uma poesia fajuta, mas que parece soneto de Shakespeare inspirado pela criatura que nos arrebatou.
Anos depois do desapaixonamento, não vamos conseguir entender o que é que vimos naquele sujeito baixinho e deselegante, mas enquanto isso não acontece…
Esther Perel é uma terapeuta de casais que tem um canal no YouTube. Ela fala da infidelidade, da busca do amor ideal, do medo de romper e do desapaixonamento. Não pode existir sentimento maior de frustração do que reconhecer que uma relação amorosa que já foi feliz e plena está terminando. Olhar para aquele que seria nosso “eterno amor” não nos faz suspirar e menos ainda querer proximidade física.
Em um dos seus muitos vídeos, ela deixa claro que ao longo de tantos anos atendendo casais e triângulos amorosos, ela se deu conta de que é muito importante que cada pedaço da laranja (argh, terrível expressão), que cada pessoa nunca deixe de ter brilho próprio.
Ela deixa muito claro que o que faz um parceiro perder o interesse no outro é o fato de que esse outro perdeu o brilho, deixou de ter uma vida significativa, se acomodou e a relação foi perdendo o viço. E a cliente ou o cliente que a procurou, não se sente mais em condições de investir na relação, porque simplesmente, cansou.
Perel, com seu sutil sotaque belga, fala sobre o idealismo que prejudica todos os relacionamentos, quando se acredita que alguém especial estará esperando por nós em algum lugar bem próximo. Basta dobrar a esquina.
Experiente na carreira, ela orienta casais para que nunca deixem que o desejo diminua entre ambos e a solução parece ser mais fácil do que se imaginaria: que continuem sendo fonte de admiração por parte do outro parceiro, que se sentirá rico e preenchido em sua companhia.
O modelo atual de casamento onde marido e mulher trabalham intensamente, estudam, pagam casa e ainda administram dois pimpolhos é exaustivo. Não é à toa que as moças resolveram adiar a chegada dos bebês para conseguirem realmente viver um amor com aquele parceiro afetivo. Vi pouquíssimas vezes que o casamento feito por conta de uma gravidez precoce desse certo.
Em 30 anos de atendimento me recordo de três histórias que fazem pensar que era mesmo destino, pois estão juntos até hoje e felizes. Em algumas outras histórias estão juntos até hoje numa relação de guerra. E de resto, o relacionamento não vingou nem por uns 5 anos, pois casaram-se sem se conhecer, com três ou quatro meses de relacionamento, se é que não aconteceu logo no primeiro encontro. Difícil começar a três, ou mais de três, já com interferência de sogras. Há que ter muita maturidade!
Conexão, intimidade, confiança, amor, carinho, atração e desejo. Admiração, amizade, afinidades, interesses. A relação perfeita contém um pouco disso tudo e ainda mais: muita sinceridade e conversas longas para que um parceiro nunca se engane a respeito do outro.
Descobrir que todo o encantamento está dissolvendo rapidamente é um sentimento de vazio repentino, um buraco que se abre aos poucos e vai distanciando os dois parceiros e dando chance para que outros se aproximem. Não tive muitos clientes que romperam da noite para o dia.
É sempre um processo longo para se entender direito se é isso realmente que está acontecendo ou só uma crise passageira.
A grande parte das pessoas que atendi se esforçou muito para que a relação continuasse, mas num determinado momento existiu mais cansaço do que qualquer outra energia. Um faz, um tenta, um investe e o outro nem se dá conta.
A maioria das pessoas que pede uma separação se sente infeliz e desgastada e também na maioria das vezes foi preciso que entrasse uma nova pessoa para que um novo ciclo fosse iniciado. Normalmente esse novo amor que surge não veio para ficar. Pode ser que não exista nada de concreto, apenas o sentimento de estar vivo de novo e de querer amar e ser amado.
Um dos relatos mais dolorosos é diferente do que descrevi acima. Alguém confessa amar o marido ou a esposa intensamente e ter um casamento onde nada falta. Mas, de repente conhece alguém que não lhe sai do pensamento e tem certeza que consegue amar às duas pessoas, normalmente muito diferentes entre si. É uma história de dilaceramento diário e necessidade de fazer a escolha que a sociedade exige.
Bom, a postagem é sobre casamento e rupturas porque esse é um tema libriano. Casamento, escolhas na vida a dois, desgastes, opções da mente ou do coração. Libra é lento para se decidir.
Romper uma estrutura de casamento é um processo parecido muitas vezes com a implosão de um prédio. Vão-se muitos anos de vida a dois, projetos e promessas. Também os laços familiares e metade da conta bancária. Vão-se os projetos de futuro, mas não existe nada pior do que um casal que envelhece junto sem nenhum sentimento que os una, muitas vezes gelados um com o outro, ou trocando farpas e acusações.
Libra é o tipo de signo que se pergunta se não vai se arrepender mais tarde. Ainda que esteja mais do que insatisfeito, carrega um bocado de culpa. Pode acreditar que o erro foi seu. Talvez o outro tenha realmente feito muitas coisas erradas, mas Libra se cobra de que deveria ter percebido antes.
Uma colocação curiosa é Libra dizer que “casou com a pessoa errada”. Aos 18 anos, entre José e João, ela optou por João. 25 anos depois ela tem certeza que José era a pessoa certa. Ela guarda dele a lembrança da juventude e não se dá conta de que, se tivesse se casado com José, teria hoje a certeza de que João (aquele dos 18 anos) teria sido o perfeito.
A relação de 25 anos foi uma relação, não foi uma simples (talvez) possibilidade. José não foi posto à prova. João foi companheiro de toda uma vida e a relação esfriou e ponto final. Mas, ela não fez a escolha errada. Talvez devessem ter cuidado um pouco mais do casamento, permitindo que ambos continuassem se admirando, preservando a relação, se descobrindo todos os dias por inventar, inovar e estarem sempre querendo trazer mais vida para ambos. Parece um processo difícil e realmente é.
Libra pode também trazer a queixa de que se casou com a pessoa errada porque racionalizou demais. Deixou de lado uma grande paixão porque ele não queria filhos e encontrou alguém que desejava exatamente o que ela desejava. Casou, criou os filhos e de repente se deu conta de que “fez a escolha errada”. Não fez a escolha errada, pois se tivesse ficado com o outro, poderia culpa-lo pelo resto da vida por não ter podido ter filhos.
Fez a escolha certa para aquele momento em que queria mais do que tudo uma família e poderia se manter feliz nesse casamento, mas o ingrediente da paixão fez falta.
O filósofo Alain de Botton diz que você vai sempre se casar com a pessoa errada. Mesmo que pinte alguém culto, educado, correto, trabalhador e apaixonado por você, você vai recusar. Você pode se sentir muito à vontade com essa pessoa e ter papo e atração por toda uma vida, mas você sabe “que não é esse o cara certo”. Ele diz que escolhemos como companheiros de vida aquela pessoa que nos fará reviver toda a angústia e frustração que a relação com os pais nos ofereceu nos primeiros anos de vida. Existem também vídeos inteligentes e engraçadíssimos do filósofo no Youtube.
Conversar com Libra sobre qualquer assunto é uma delícia. Assim como Gêmeos, pode não se chegar a conclusão alguma. Mas é sempre delicioso ver Libra fazer devaneios sobre qualquer tema de sua vida, sobretudo, o amor e a comparação entre diferentes parceiros ou parceiras ao longo da vida. Na balança, pesa e compara, mas não chega a nenhuma definição. O melhor é tomar uma taça de vinho e curtir o papo libriano, que com certeza terá alguma citação de Vinícius de Moraes, ele próprio poeta e apaixonado.

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