Humor é ferramenta de sobrevivência e tem o poder de nos fazer olhar para nosso sofrimento de um novo ângulo, sempre surpreendente. O humor quebra a linha da coerência e talvez seja regido por Urano, embora muitos comediantes tenham forte influência de Netuno.
Isso mesmo, exatamente o planeta da “vítima” também se manifesta como aquele que permite um olhar para além dos valores cotidianos. Hebe Camargo, que achava todos uma “gracinha”, era nascida em Peixes (8/3/1929). Não acho agradável quem faz piada o tempo todo, mas boas companhias são leves em muitos momentos.
É óbvio que aqui não estou falando da negação do sofrimento, mas de momentos em que podemos quebrar com a linha de pensamento para trazer um ar novo à situação, que promete futuro e renovação para tudo e todos. Humor precisa trazer a inteligência de Mercúrio e realizar uma quebra naquilo que esperamos ver ou ouvir. Humor é sinônimo de surpresa.
Hoje li uma tirinha da Mafalda (a garota do Quino), deitada na cama, com as luzes do quarto ligadas. Dizia mais ou menos assim:
– Meu quarto está uma bagunça. Odeio ver a casa suja e bagunçada. Vou levantar e imediatamente…apagar as luzes!!!
Não estou falando de “não entrar em contato com o sofrimento” ou de jogar as emoções para debaixo do tapete. Estou falando de ir além disso, quando for possível, no momento em que o humor puder se instalar. O “momento certo” é a base do estudo astrológico. E existe o momento certo para o humor.
Dizem que se for possível escolher uma qualidade para viver melhor, essa qualidade precisa ser o bom humor, mais eficaz do que qualquer outra.
“As pessoas perdem tempo filosofando se o copo está meio vazio ou meio cheio. Eu prefiro beber e sair para viver.” – S. Petrillo
Mas, é importante lembrar: não se trata de jogar as questões “sérias” da vida para debaixo do tapete ou trancá-las no porão. Há pouco tempo atendi uma pessoa que enfrenta um momento difícil na vida. Na verdade, não está acontecendo nada de positivo ou negativo, mas ela está numa posição de inércia já há muito tempo e é preciso “fazer algo”. Ela ria muito, nervosamente. Não é esse tipo de riso que nos ajuda.
Estudando sobre o Puer Aeternus – a Eterna Criança – que Jung, Marie Louise Von Franz e James Hillman estudaram, uma das qualidades do Puer é o riso sempre aberto, porém inadequado às diversas situações que ele vivencia. Como se fosse a criança de quatro anos que ri de suas travessuras, ainda que aos 42 anos tenha jogado um projeto profissional para o alto pelo medo de crescer. Aqui, realmente, não vai existir chance de piada.
O que tudo isso tem a ver com Astrologia? Considerações de Mercúrio retrógrado em Virgem!