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Coronavírus, exercício de paciência e confiança.

“Viver é nascer a cada instante”. Erich Fromm

Meus clientes e eu gostamos de ter metas. Ter futuro, um futuro costurado a quatro mãos, vontade e destino, de vez em quando emperrando, esperando e retomando o caminho ou, encarando as surpresas e seguindo outra trilha.

“Viver o dia” e conseguir chegar ao final dele inteiro (a) e reconhecendo a vitória, me pareceu sempre o ideal para períodos de doenças graves ou controle de algum vício, dietas rigorosas ou qualquer situação-limite que impeça olhar para muito longe. Mas é essa mais ou menos a sensação que tenho hoje.

Sei que todas as pestes/pragas e guerras tiveram início-meio-fim. Os universos (agora são múltiplos e paralelos) têm início, meio e fim. Também acredito que o que chamamos de “fim” é recomeço e transmutação. Acredito que o mais difícil para uma sociedade “ansiosa”, que deseja tudo para ontem, seja ter que esperar para poder sobreviver e retomar a “normalidade da vida”.

E as incertezas geradas não pelos médicos ou cientistas, mas pela desordem e desrespeito de políticos que aproveitam o momento para fazer campanha, ou que repetem o comportamento da Itália, que tentando enfrentar o vírus, vive uma tragédia sem precedentes.

Vamos enfrentar o vírus com muita paciência, confiança na ciência e alguma sabedoria. A cada dia que termina, somos vitoriosos. Vencemos o medo e continuamos a esperar. Há pouco tempo consultei o IChing que me enviou uma primeira resposta: A ESPERA. E depois uma segunda: O EXÉRCITO.

Vou transcrever algumas linhas bonitas do livro sagrado chinês num outro post. Mas, obviamente, relata um período em que nada se pode fazer salvo esperar pelas nuvens que trarão a chuva e o alívio tão esperado. Mas, fala também que nessa espera, não existe omissão ou ignorância, mas a sabedoria de um exército que estrategicamente espera a melhor hora para atacar o inimigo. Para nós, invisível e traiçoeiro.

Tenho muito receio – e dificuldade – em valorizar “o que o vírus trouxe de bom”. Já li muitas vezes que os avanços tecnológicos que as guerras promovem em todas as áreas são imensos e tenho a mesma dificuldade em engolir essa história, ainda que possa ser verdadeira.

Uma vez ouvi um engenheiro químico falando dos progressos para preservar os alimentos durante a Segunda Guerra, o que teria impulsionado a indústria dos “enlatados”. Difícil de engolir, literalmente, os enlatados.

Acredito que o vírus poderia ter sido evitado, pois o mercado chinês já havia sido denunciado várias vezes, mas nada fizeram. Tenho certeza que sairemos disso mais fortes, maduros, alguns mais espiritualizados, outros com mais autonomia e outros, muitos outros, não sairão dessa onda.

Para mim, além do exercício da paciência e o fato de que é preciso SABER COMO ESPERAR: não espere subindo pelas paredes, mas com a certeza de que é uma questão de tempo.

Respire fundo, bem fundo, faça exatamente o que o vírus não permite fazer. E leia muito, estude, respire espiritualmente e intelectualmente. Estão pensando em agilizar a vacina como fizeram na gripe espanhola, usando o plasma das pessoas infectadas para que outras consigam criar anticorpos. Seria uma saída razoavelmente ágil e já comprovada.

Muitos clientes meus já enfrentaram “coronavirus” individualmente, quando enfrentaram doenças longas e sofridas, sozinhos ou com o apoio da família, quando viveram depressões que os isolaram de todos, ou quando realmente quebraram financeiramente, acumulando dívidas e muita vergonha.

Todos, sem exceção, se recuperaram e voltaram à vida “normal”, fazendo o que eu acho que é o principal ganho dessa experiência do coronavirus: saber dar valor à vida. Hoje é preciso olhar pela janela e se for tentar tomar um solzinho lá fora, se armar de máscara, luvas e ter o cuidado de trocar os sapatos. Voltando para casa, chuveiro e muito gel.

É questão de paciência e confiança na vida, confirmando a cada momento de cansaço o quanto amamos essa experiência de estar aqui, ainda que em momentos difíceis, ou justamente porque estamos vivendo o seu lado mais sombrio, confirmar o quanto a vida de todos é importante para nós. Estamos ao lado da vida, lutando por ela, resistindo por ela.

“Não sou o que acontece comigo, mas o ser que escolho me tornar”. Jung

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