Os temas abordados através de Escorpião podem ser sempre polêmicos. Morte, sexo, dinheiro, intimidade, mediunidade, transcendência.
Sensibilidade mal compreendida, mudanças bruscas na vida, confrontação com o óbvio: a transitoriedade de nossas experiências.
Muitas vezes negada, escondida, jogada para debaixo do tapete ou guardada a sete chaves no armário até que Plutão dê o pontapé na porta e traga a verdade à tona.
Falar sobre um signo ou sobre uma determinada questão que pertence aquele signo não obriga a uma lista de qualidades, observações concretas.
E não existem regras em Astrologia. Nem todo Escorpião se confronta com a perda e a transformação profunda. Existem várias traduções para um signo e mesmo aquele que tem vários planetas no sombrio Escorpião, pode revelar apenas timidez, interesse pelas questões espirituais, dificuldade em guardar dinheiro e desejo de fazer alianças duradouras.
Recortei um trecho de um livro que pode ser um bom presente para si mesmo ou para amigos que procuram sabedoria em viver. A dica de livro é “Aprendendo a viver” – Sêneca – Martins Fontes.
O texto pede a reflexão sobre “o quanto vale a vida” – se deve ser medida pelo tempo de duração ou se o seu valor deve ser reconhecido de outra maneira.
Inicia a carta a seu amigo Lucílio com críticas sobre o fato de Lucílio se lamentar por haver perdido outro amigo e filósofo, ainda em idade produtiva e por isto, se revoltar contra os deuses.
“Nós acusamos todos os dias o destino e dizemos:
– “Por que esse foi arrebatado em pleno curso de sua carreira? Por que não aquele outro? Por que aquele prolonga a velhice, que é um fardo para si mesmo e para os outros?”
O que te parece, pergunto, mais razoável: que obedeças à natureza ou que ela te obedeça? Que importa, afinal de contas, sair antes ou mais tarde de onde se deve mesmo sair?
O essencial não é viver por muito tempo, mas viver plenamente. Tu viverás por muito tempo? É da esfera do destino. Plenamente? Isso só depende de tua alma.
A vida é longa se ela está plena. Ora, ela está plena desde o momento em que a alma tomou posse do bem que lhe é próprio e não depende senão dela mesma.
De que servem, a esse homem, oitenta anos passados sem ter feito nada? Ele não viveu, apenas restou por algum tempo na vida.
Ele não morreu tarde, mas ficou morrendo por longo tempo. Viveu oitenta anos, mas viveu mesmo? Importa saber a partir de quando se conta sua morte.
Mas aquele outro que partiu em plena atividade, ele, ao menos, cumpriu os deveres de um bom cidadão, de um bom amigo, de um bom filho, ele não hesitou em nenhum ponto.
Se ele não atingiu o termo de sua idade, a obra de sua vida está no entanto acabada. O outro viveu oitenta anos; não, melhor, ele perdurou por oitenta anos, a menos que tu entendas que viver é como as plantas e os vegetais fazem.
Eu te peço, Lucílio, façamos de maneira que, como as pedras preciosas, nossa vida valha não por sua duração, mas por seu peso. Meçamo-la pela sua atividade real, não pela duração.
Queres saber a diferença que há entre o gênio vigoroso, o que despreza a fortuna, o que, após ter se dobrado a todas as contingências da vida conheceu as mais sublimes felicidades, e aquele homem que apenas viu escoar seus anos?
Um ainda vive após ter desaparecido; o outro, antes de morrer, já havia cessado de existir.”