Urano em Touro e revisão de valores

Posted on 31 de março de 2019 by Andreia Modesto

Urano em Touro e revisão de valores: “Não considere cada dia através da colheita que você obtém, mas pelas sementes que você planta”. R.L. Stevenson

Emily Esfahani Smith é uma palestrante do TED-Talks e tem uma boa apresentação sobre o fato de que existem muitas coisas mais importantes na vida do que correr atrás da tal felicidade. O que ela viu, eu também vi: que a partir do momento em que você atinge aquela situação que lhe parecia a “ideal”, normalmente associada a uma segurança financeira ou um bom casamento, as coisas começam a desmontar.

Ok, eu fiz dinheiro para parar de trabalhar, e aí? Vi mais do que um cliente desistindo dessa segurança ao perceber que os filhos atrofiavam no sofá diante da TV, pouco motivados para fazer “algo” da vida e dizendo claramente que não faziam parte desse mundo terrível que “precisa trabalhar”.

Alguns clientes simplesmente pegaram grande parte do dinheiro investido e montaram novos negócios, arriscados e motivadores.Não é raro que depois da sonhada aposentadoria e algumas viagens pelo mundo, a depressão se instale.

Casei, e daí? Depois do casamento feliz, a chegada dos bebês, a intromissão da sogra, a comparação com os priminhos, a libido no pé, os quilos a mais e um desconforto que a vida de solteira não tinha.

Bom, nem sempre as coisas correm dessa forma e construir uma boa segurança e procurar uma pessoa legal para dividir a vida são excelentes investimentos. O que Emily defende, no entanto, é que se focarmos em algo tangível como a segurança financeira ou o bom casamento, em pouco tempo descobriremos novas necessidades, causadas exatamente pelas situações que havíamos idealizado.

Emily coloca quatro pilares para uma vida “realizada”. Ela evita o tempo todo usar a palavra “felicidade”, considerando que é algo passageiro, como naquele velho ditado que diz que serão apenas alguns momentos em nossas vidas.

Os quatro pilares são:

– pertencimento – pertencer a uma comunidade, a grupos, a famílias, sentir-se parte de algo – ajuda a construir a identidade e a se sentir protegido, reconhecimento e amparado.

– propósito – metas concretas, seja criar os filhos, ajudar em trabalhos voluntários, desenvolver-se e vencer algum desafio pessoal – e ela sugere que se o propósito envolve outras pessoas, ele é muito mais gratificante, preenchendo a vida daquela pessoa e ajudando-a a encontrar um sentido para sua existência.

– transcendência – ir além dos momentos ou questões pequenas do cotidiano; e não precisa ser por um caminho espiritual; você pode transcender pela arte, por um hobby, quem sabe por um esporte; é justamente ir além do propósito citado no outro parágrafo; desligar-se um pouco para ir acima, para ir além.

– conhecer e contar sua história, seja ela qual for; examinar como é que você se tornou o que você é; organizar os fatos e se reconstruir para saber exatamente como cada peça foi encaixada nesse quebra-cabeça que é você.

A palestra é ótima. Chama-se “There’s more to life than being to be happy”. Basta procurar no Youtube. O que Emily reconheceu é que felicidade não é algo que possa ser classificado de modo comum para todas as pessoas.

E obviamente, que vai depender da nossa postura diante do que nos aconteceu, do que está acontecendo agora e do quanto tentamos reverter para situações mais positivas, não somente para nós, mas para os outros ao nosso redor.

Algumas pessoas acreditam que a felicidade é apenas “receber”. Outras se realizam apenas no “doar”. O ideal é que possa existir um movimento de dar e receber, um movimento continuo e satisfatório para todos.

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