Nem só de sensualidade vive Vênus em Escorpião. É uma posição de valores, dinheiro, construção financeira, desapego e transformação. Algumas pessoas comentam que “não querem ficar ricas”, mas apenas desejam ter o necessário para viver bem. Como tudo é muito relativo, o que será “necessário” e o que será “viver bem”? Se perguntarmos a dez pessoas, teremos dez respostas diferentes.
Nosso país ensinou e continua ensinando com primor que ser rico é sinônimo de enganar as outras pessoas e cometer atos ilícitos. Dinheiro feito pelo nosso próprio trabalho é abençoado pela vida e motivo de orgulho para cada um de nós, mas não é esse o modelo que temos.
Paracelso, num livrinho da Madras (o diminutivo é só pelo tamanho do livro) condena o empréstimo de dinheiro a juros e as rendas que derivam de aluguéis, mas diz em suas palavras de mago, astrólogo e alquimista do século XVI que Deus abençoa o dinheiro feito através do trabalho humano, pois desenvolver-se através do trabalho é mais uma forma de servir à própria vida.
Uma das experiências mais maçantes que pode existir é passar um tempo conversando com alguém que é “identificado” com dinheiro. Além de comentar sobre suas próprias posses e enumerá-las, ainda comenta sobre as posses de outros, pois não tem outro assunto. É um pobre de espírito, embora possa ter crédito na praça e usar gargantilha de ouro.
Duas coisas muito diferentes: uma coisa é identificar-se com o dinheiro e esquecer outros valores. Outra coisa é reconhecer a importância de ganhar autonomia profissional e financeira, como prova do seu próprio valor, para se consolidar como pessoa adulta e capaz e ainda poder ajudar outras pessoas.
Dinheiro não leva desaforo para casa significa que não é positivo investir dinheiro em futilidades ou perder o controle sem saber no final do mês para onde o dinheiro foi. Mas retê-lo é ficar preso, amarrado, identificado com um valor que precisa circular e se transformar em outros valores ou experiências.
Conheço pessoas que enriqueceram muito e suas vidas não se transformou radicalmente. O que era importante para elas, continuou sendo manter o mesmo estilo de vida sem nenhuma exuberância. Outras, viraram do lado do avesso e nem entenderam muito bem o que estava acontecendo. Acabaram se perdendo depois de perderem laços afetivos que eram fundamentais em suas vidas. Continuo achando que beleza, dinheiro e poder são testes muito maiores para nós do que as perdas ou qualquer outra frustração e dificuldade.
É preciso rever nossa percepção sobre o dinheiro. Com a História que temos, não é muito difícil entender porque as pessoas imediatamente “temem” enriquecer.
Procurando citações para encerrar a postagem, me deparei com o seguinte: a maior parte das citações deixa claro que “ser rico” é ter algo que o dinheiro não compra, valorizando amizades, presença de parentes, amor, saúde, criatividade…Contraditoriamente, nas mesmas páginas existem vários pensamentos positivos e invocações para que o dinheiro e a abundância venham com mais facilidade.
A melhor citação é de Voltaire: “Não acredite que o dinheiro é tudo na vida, ou vai passar a vida fazendo tudo por dinheiro”.
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